domingo, 19 de setembro de 2010

O APARELHO PSÍQUICO


Freud denominou de aparelho psíquico, a atividade psíquica. E, segundo ele, este aparelho é composto de três partes: Id, Ego e Superego.
Trata-se de um conjunto de elementos que estão em constante relacionamento entre si, mas que interferem uns nos outros. Do id nos vem a matéria-prima, a substância vital, o conteúdo instintivo; do ego o controle e, do Superego o corretivo das ações motivadas pelos dois primeiros.

O ID

Segundo o dicionário Aurélio, o Id é “a parte mais profunda da psiquê, o receptáculo dos impulsos instintivos, dominado pelo princípio do prazer e pelo desejo impulsivo” e, tem como função descarregar as tensões biológicas. É a parte mais primitiva da personalidade e, funciona como reserva inconsciente dos desejos e impulsos, tais como: comer, eliminar resíduos, obter prazer, etc, além dos impulsos sexuais e agressivos.
O poder do Id expressa o verdadeiro propósito da vida do organismo do indivíduo. Isto consiste na satisfação de suas necessidades inatas. Nenhum intuito tal como o de manter-se vivo ou de proteger-se dos perigos por meio da ansiedade pode ser atribuído ao Id. Essa é a tarefa do Ego, cuja missão é também descobrir o método mais favorável e menos perigoso de obter a satisfação, levando em conta o mundo externo. O Superego pode colocar novas necessidades em evidência, mas sua função principal permanece sendo a limitação das satisfações.

O EGO

Segundo o dicionário Aurélio, o “Ego é a parte mais superficial do Id, a qual, modificada, por influência direta do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em conseqüência, tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do Id”.

...o Ego saiu do id. É um Id diferenciado. É a sua parte organizada (civilizada). É a sua fachada;... (a ele) compete a tarefa da autopreservaçâo. Em relação aos fatores externos, o Ego cumpre essa função registrando, reagindo aos estímulos que lhe vem de fora, acumulando experiência em relação aos mesmos [pela memória], evitando excessos de estímulos [pela fuga], lidando com os estímulos moderadamente [via adaptação], e, finalmente, operando mudanças apropriadas no mundo externo em seu benefício [via atividade] (WEISSMANN, 1976).

Karl Weissmann esclarece em seu livro “Biblioteca de Perguntas e Respostas – 2. Psicanálise”, que tornar o Ego mais forte e mais independente do Superego é a meta por excelência de todo tratamento psicanalitico. E, ainda acerca do Ego, diz:

...sua função consiste no controle sobre as exigências instintivas do Id, quer permitindo a sua satisfação, quer postergando e determinando-lhe a época e as circunstâncias favoráveis ao meio ambiente, quer suprimindo as excita- ções completamente (...). [KARL WEISSMANN, 1976].

Weissmann alega que a transformação de autonomia primária em autonomia secundária se processa em parte através da capacidade do Ego, largamente inata, de postergação da descarga.
E, fazendo citação a Freud, diz que o Ego não é impulsionado apenas pelas forças do Id; explicando que Freud admitia que o Ego era também alimentado por outras forças, além das instintivas. E que, segundo ele, todos os conceitos de Ego e de Id relacionam-se aos pais e à nossa longa infância, eroticamente fixada aos mesmos, gerando as complicações do complexo de Édipo. E, diz que da identificação, mais ou menos problematizada, com os progenitores e com as figuras que são representantes da série materna e paterna, resulta a formação do Ideal do Ego, também chamado Superego.
E, alega que das perturbações sofridas nesse processo resultam as notórias crises de identidade, bem como os fenômenos de múltipla personalidade, e complicações de outra ordem.
Segundo Weissmann, “enquanto o Ego e o Id cumprirem os requisitos das suas relações recíprocas não haverá distúrbios neuróticos”.
“Para poder haver um desenvolvimento normal do Ego, as pessoas introjetadas no período de formação, devem ser despersonalizadas”, acentua Freud. E acrescenta: "e é precisamente isso que não ocorre com as pessoas neuróticas", que, por assim dizer, preservam as pessoas de suas introjeções e identificações dentro de si.

Daí as suas "indigestões" psíquicas, as suas perturbações égicas, com as suas crises e cisões patológicas. Não é de estranhar que, em tais casos, o Ideal de Ego não resulta na formação daquiIo que se poderia considerar um Ego Ideal (KARL WEISSMANN).

Freud compara o Ego, entre outras coisas, à razão, assim como o Id à paixão.
Contudo, a inteligência é apenas um dos aspetos do Ego, assim como a lógica.
A ordem evolutiva do Ego se processa, segundo Freud, em termos de gradativa transformação de Id em Ego. E, define a adaptação evolutiva do Ego como "um protótipo ideal daquele estado para o qual tendem todos os esforços conciliatórios (não unicamente do Ego, senão também os do Id e do Superego) e que constituem todas as suas múltiplas obediências".
A Verdade é que não é possível indicar o ponto exato onde o Id acaba e o Ego começa ou onde termina o Ego e inicia o Superego.

SUPEREGO
À medida que vai se desenvolvendo, a criança se vê diante de certas demandas do meio que persistem sob forma de normas e regras estabelecidas. Estas regras e normas pertencentes ao mundo externo acabam por se incorporar em sua estrutura psíquica, constituindo assim seu Superego, representando uma espécie de resposta automática do “certo” e do “errado”, que surge na pessoa diante das várias situações, nas quais deve tomar uma decisão.
O Superego se equacionou ao medo dos pais incorporado à consciência inconsciente do indivíduo. A mais ou menos temida autoridade parental que era externa e passou a ser interna, transformada na voz interior que repete monotonamente os velhos mandamentos familiares.
Dessa forma, o Superego trata-se de uma representação internalizada dos valores e costumes da sociedade.
Mas, para que haja um bom equilíbrio, surge a necessidade da existência de um Ego fortalecido, de um Superego moderado e do conhecimento da natureza e dos impulsos do Id.

O Ideal do Ego
Segundo Karl Weissman, o Ideal de Ego foi rebatizado com o nome de Superego, mas a denominação original não foi descartada. Passando a designar mais o aspecto positivo de nossa consciência moral, ou seja, os nossos ideais conscientes, os modelos que inspiraram as nossas melhores esperanças — como acentua Ernest Jones; enquanto por Superego se entendia mais os aspetos negativos: a função de criticar, advertir, punir, etc.

Nenhum comentário:

Postar um comentário